Minhocão Cultural

Paisagem paulistaníssima – goste-se dela ou não –, o Elevado vive há décadas imerso em controvérsia, mas seu uso livre nos finais de semana já foi incorporado aos hábitos de lazer da cidade. Ainda que o sonho de ver o viaduto transformado de uma vez em parque, como pedem alguns, ou derrubado como desejam outros, não tenha ainda se concretizado, a região ganhou nos últimos anos uma densidade cultural ímpar, com  antigos teatros recuperados e o restauro de alguns edifícios, com a vantagem do fácil acesso via transporte público e da diversidade de seus frequentadores. Além de andar em cima do viaduto, andar em volta vai virando um programa cada vez melhor.

Vocês têm caminhado pelos arredores do Minhocão ultimamente? Se não têm, deveriam. Uma nova cena de bares, cafés, livrarias  se estabelece nas poucas quadras que vão da avenida Ipiranga até o largo do Arouche, de um lado, e da rua da Consolação até a Santa Casa de Misericórdia, de outro.

Por ali, a Escola da Cidade e escritórios de arquitetura – velhos habitantes da rua General Jardim – dividem o espaço com novos endereços: um cineclube que também é bar/balada; um cabaré que repensa a própria linguagem dos shows eróticos e burlescos, um bar de audição com reservas disputadas, entre outros endereços.

Para quem não conhece a área sugerimos aqui uma rota:

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1. Descendo no metrô República, perca-se um pouquinho pelo térreo do Copan. Lá fica o tradicional Café Floresta e também a Livraria Megafauna, inaugurada em 2020. O Copan em si é um mundo e a gente promete que um dia faz um roteiro só de seus segredos. Antes de sair suba as várias escadas da Pivô, um dos espaços mais importantes de residências e experimentação de arte contemporânea da cidade e coma um pão de queijo na Dona Zelda.

2.Mantendo o foco na arte contemporânea, caminhe na direção do Elevado até a Galeria Central, que representa um time excepcional de artistas – a maior parte deles jovens – e promove ótimas exposições.

3. Existem ótimas opções gastronômicas nesse quadrilátero: os sanduíches e vinhos do À Mercê, um churrasco old school no Boi na Brasa, um natural gourmet no Botanista (a gente adora os três).  

4. Os amantes de arquitetura e urbanismo podem visitar o IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), mas principalmente a livraria Eiffel, que fica no edifício de mesmo nome projetado por Niemeyer na praça da República.

5. Atravesse por baixo do viaduto (olhando para o alto você provavelmente vai ver bons grafites) pela rua Major Sertório para chegar até a Praça Rotary. O Takko e a Casarìa Santa Cecília estão entre os ótimos lugares para se tomar um café. A Banca Curva, ali juntinho, tem uma curadoria maravilhosa de publicações independentes.

6.Um passeio curioso? Visitar o Museu da Santa Casa de Misericórdia e conhecer um pouco mais da história da instituição (e da própria medicina). Se quiser, emende uma peça no Teatro Paiol Cultural, palco fundamental na história do teatro paulistano, reformado e reaberto no ano passado.

7. Especializada em livros de mulheres, a Livraria Gato sem Rabo é uma parada sensacional para um fim de tarde. Na cobertura do mesmo prédio de  seis andares, com direito a um terraço com vista para o Minhocão, fica o Cora restaurante. Se for não deixe de provar os calamaretis (deliciosas lulas) e os drinques.

8. A noite é cheia de opções: um filme e/ou show no Cineclube Cortina, uma pista dançante na Tokyo, um show de jazz no JazzB. Inaugurado há poucos meses, o Dōmo Bar é uma aposta na tendência dos bares de audição. Ocupando o antigo (e antológico) Love Story, o Love Cabaret é um palco de espetáculos e performances eróticas para maiores de 18 anos.