Vapor fala de um estado forçado de fuga, de refúgio, de necessidade de abrigo. Fala do direito universal à moradia, dos conflitos que passam pelo pertencimento e pela propriedade. Fala da necessidade de se mudar com tudo de mais importante, tendo que deixar para trás outras importâncias. Fala de quem invade, de quem está em constante movimento como tática de sobrevida e de elaboração de sua existência.Nos becos de muitas periferias, “vapor” é uma gíria que significa sumir. Se refere àquele morador da quebrada que morre, evapora sem que a sociedade se importe com a falta dele. É também o responsável pela venda ilícita aos consumidores. É olheiro ou fogueteiro que vigia as entradas principais da favela e avisa toda a rede, por meio de fogos de artifício ou rádio comunicador. São os mais vulneráveis pela ação policial, executados na juventude, tornando-se pelo desgoverno meramente um número para as estatísticas.