Ao promover a exposição “Onde há fumaça: arte e emergência climática”, o Museu do Ipiranga questiona a ideia de progresso ainda predominante, que gera a situação atual deemergência climática. A curadoria do Micrópolis, grupo formado pelos arquitetos e pesquisadores Felipe Carnevalli, Marcela Rosenburg e Vítor Lagoeiro, coloca o acervo histórico ao lado de obrascontemporâneas para dar visibilidade ao processo de degradação ambiental e social ao longo do desenvolvimento urbano do Brasil.É a primeira vez desde a reabertura que uma mostra no Museu do Ipiranga tem uma curadoria inteiramente externa. Esse é mais um passo da instituição para acolher a participação da sociedade e contar narrativas de grupos não-hegemônicos. Pinturas e fotografias de mestres, como Benedito Calixto e Henrique Manzo, dialogam com trabalhos dos artistas Alice Lara, André Vargas, Bruno Novelli, davi de jesus do nascimento, Anderson Kary Bayá, Jaime Lauriano, Luana Vitra, Mabe Bethônico, Roberta Carvalho, (Se)cura humana, Uýra Sodoma e Xadalu Tupã Jekupé. A justaposição permite analisar como a colonização do território e a construção da nação estão pautadas na ideia de civilização versus barbárie, da cultura possível versus natureza impossível.