As últimas décadas do século 20 da filmografia nacional são marcadas pelo fim da ditadura civil-militar, pela crise econômica e pelos desafios enfrentados pelo setor cinematográfico, incluindo o desmantelamento da Embrafilme. Ainda assim, a produção cinematográfica desse tempo revelou sucessos de bilheteria e experimentações radicais. Na década de 1990, com a estabilização econômica, inicia-se a chamada Retomada do cinema brasileiro. O público poderá conferir uma seleção de filmes que refletem diferentes abordagens estéticas e temáticas. A idade da Terra, de Glauber Rocha, e Baile perfumado, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, demonstram a influência do Cinema Novo nas produções do período. A geração de cineastas paulistas que emerge nos anos 1980 e 1990 carrega a herança do cinema da Boca do Lixo e do Cinema Marginal, como visto em A marvada carne, de André Klotzel, que divide a temática urbana e a atuação de Fernanda Torres com Terra estrangeira, de Walter Salles e Daniela Thomas, enquanto Guilherme de Almeida Prado propõe um noir à brasileira em A dama do Cine Shanghai. O protagonismo feminino na direção, iniciado nos anos 1970, se fortalece nas décadas seguintes. A mostra inclui Das tripas coração, parte da trilogia sobre a condição feminina de Ana Carolina. Atrizes renomadas também se destacam na direção: Norma Bengell faz sua estreia atrás das câmeras com Eternamente Pagu, protagonizado por Carla Camuratti, que, na década seguinte, dirige Carlota Joaquina, princesa do Brazil, filme que marca o início da Retomada. Embora os principais movimentos do cinema negro brasileiro tenham ocorrido antes (com o curta Alma no olho, de Zózimo Bulbul, de 1974) ou depois desse período (como o manifesto Dogma Feijoada, de 2000), os anos 1980 e 1990 trouxeram obras importantes, como Amor maldito, de Adélia Sampaio, Ôrí, de Raquel Gerber, e Aniceto do Império em: Dia de alforria, de Zózimo Bulbul.