Em Disparate, mostra apresentada no Gabinete, Helena Martins-Costa (Porto Alegre, RS, 1969) manipula fotografias de arquivo e frames de vídeo, decapitando figuras, criando novas anatomias e utilizando o preto e branco para conferir um novo significado a imagens do passado. As figuras quadrúpedes, que a própria artista define como "monstros", remetem aos horrores grotescos de Goya – mestre da luz e das trevas, nas palavras de Charles Baudelaire – borrando a linha entre real e fantástico. A opção pelo preto e branco “injeta efeitos perturbadores, põe em xeque os automatismos da visão, modifica a estrutura das imagens, além de reduzi-las à gama cromática original da fotografia", comenta Annateresa Fabris, que assina o texto de apresentação.