As problemáticas socioambientais e sociopolíticas do Centro-Oeste brasileiro ocupam as três salas do segundo andar da Pinacoteca Luz, com a mostra “Como é bom viver em Mato Grosso” do cuiabano Gervane de Paula. Sob a curadoria de Thierry Freitas, 58 obras pontuam os mais de 40 anos da carreira desse artista ativista e multifacetado. São fotografias, pinturas, esculturas e instalações que traduzem a potência de um criador em constante ebuliçãoSuas primeiras telas, realizadas entre os anos de 1976 a 1980, parte delas exibidas nessa individual, fixam imagens de um Mato Grosso recém-dividido. Em uma clara demonstração das imbricadas relações entre humanos e bichos na região, destaca-se As filhas do fazendeiro, uma tela em que dois jacarés figuram sobre a cama e, ao fundo, duas moças observam atordoadas. “Como é bom viver em Mato Grosso” reflete o aspecto crítico e o humor corrosivo de Gervane que, inspirado no artista canadense-americano Philip Guston (Montreal, CA, 1913 – Nova York, EUA, 1980) cujas obras teve contato na 16ª Bienal de São Paulo, em 1981, usa, em algumas de suas criações, as figuras supremacistas da Ku Klux Klan, colocando-as num passeio de carro ao Pantanal mato-grossense.