Concessa Colaço nasceu em Lisboa, e veio para o Brasil em 1940, aos doze anos de idade. Aprendeu a bordar com sua mãe, Madeleine Colaço, uma das pioneiras da tapeçaria no Brasil. Seu pai, Tomás Ribeiro Colaço foi escritor, jornalista e poeta, conhecido em Portugal e no Brasil. Essa ascendência foi marcante, e, a produção de Concessa se alternaria entre as letras e as lãs. Excelente pianista, entre 1962 e 1965, usando o nome Concessa Lacerda, ela se tornou uma figura conhecida no meio musical, como compositora e letrista. Seu maior sucesso foi Verdade da Vida, realizada em parceria com Raul Mascarenhas, música gravada e regravada por grandes intérpretes, inclusive Ney Matogrosso.A partir dos anos 1970 Concessa passou a se dedicar apenas à tapeçaria, com grande sucesso, no Brasil e no exterior. Nenhum trabalho da artista é datado, mas é possível perceber nas 14 tapeçarias apresentadas na exposição o desenvolvimento de algumas vertentes temáticas e estilísticas. Uma faceta neobarroca, na qual curvas e volutas evocam os padrões tradicionais do arraiolo, com a barra decorativa e a simetria espelhada, e uma vertente mais narrativa, na qual ela detém-se sobre a fé e a simplicidade do povo brasileiro, retratando igrejas, casarios e anjos, com utilização do ponto corrido e o o delineamento das figuras.Na sua produção mais constante e consistente, Concessa se libera de padrões, propondo mundos encantados. São flores, frutas, folhagens e pássaros míticos, sem compromisso com a realidade ou a brasilidade. A beleza das formas, o alto nível artesanal, a multiplicidade e a densidade das cores são marcas da artista.