"Lupicínio é nosso Shakespeare", dizia Zé Celso Martinez Corrêa. Cinquenta anos depois de sua morte, a obra de Lupicínio (1914-74) está consagrada em gravações e regravações, e na memória de todos nós. Canções como "Nervos de Aço", "Volta" e "Nunca" são exemplos supremos do "outro lado" do samba: a música trágica, o repertório lunar, que contrabalança as alegrias e a festa. Canções da hora do lobo: entre a noite e a madrugada, quando vêm as maiores angústias e os piores pesadelos. Neste espetáculo, lado a lado com uma dezena de clássicos do compositor gaúcho, vamos ouvir também obras-primas de autores como Cartola, Nelson Cavaquinho, Batatinha, Paulo Vanzolini e mesmo a dupla Tom Jobim-Vinicius de Moraes, com um esquecido samba-canção pré bossa nova. Há espaço ainda para um standard norte-americano, "Cry me a River", em versão brasileira, e também para cancionistas mais novos, como Paulinho da Viola e Zé Miguel Wisnik. Tudo isso no predestinado metal da voz de Celsim, acompanhada por dois dos maiores violonistas brasileiros, João Camarero e Arthur Nestrovski.