1300° (qual a saúde de um vulcão?) explora a sobreposição entre formações vulcânicas e a estratificação social, propondo um diálogo entre processos de destruição e saúde. Malu Avelar utiliza intensas propostas corporais para abordar a descolonização do corpo, trazendo a argila e a energia vulcânica como orientações, refletindo sobre o humano como caco, potência da matéria destruída, conectando carne e espiritualidade.Comparações entre processos vulcânicos e estruturas ou normas humanas, como, por exemplo, os processos de atrito e destruição que compõem ciclos de saúde, levantam imaginários e provocações que são respondidas em cena pela artista por meio de intensas propostas corporais. Viver tais processos vulcânicos torna-se um modo de propor a descolonização do corpo, indo além da concepção tradicional de humanidade. Essas energias vulcânicas, assim como o viver a argila, são trazidas como uma orientação possível para encontrar a saúde através da destruição, é a destruição como meio. O espetáculo se afasta da noção de cura enquanto fim e se apresenta como um processo de saúde. Diversas mitologias abordam o barro como matéria de formação humana, como a base da criação da forma humana. A artista nos entrega um movimento que emerge da carne e se conecta ao espiritual, o que, para ela, é a missão do corpo que se propõe a dançar.